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Scala Data Centers: R$ 1.5 Bilhão em Fortaleza e o Futuro Digital do Ceará

Por Redação FutCeará em 18/11/2025 08:13

A paisagem tecnológica cearense está prestes a ser transformada por um empreendimento de proporções monumentais. A Scala Data Centers, um player global no setor, confirmou um aporte que pode alcançar a marca de R$ 1,5 bilhão para a instalação completa de seu novo centro de dados no estratégico polo da Praia do Futuro, em Fortaleza.

Este ambicioso projeto prevê a construção de duas estruturas robustas, com uma capacidade energética combinada de quase 20 Mega Watts (MW), além de uma subestação de energia dedicada. Atualmente, a empresa concentra esforços na edificação do primeiro prédio e na infraestrutura elétrica associada, uma fase que já representa um investimento substancial, estimado entre R$ 650 milhões e R$ 670 milhões.

Os pormenores financeiros e operacionais foram elucidados por Luciano Fialho, vice-presidente sênior de Desenvolvimento Corporativo, Energia e Imóveis da Scala Data Centers, em declarações ao Diário do Nordeste, oferecendo uma visão clara sobre a envergadura e o cronograma do projeto.

O Andamento da Obra e os Desafios da Entrega

Uma parcela inicial da primeira estrutura já se encontra em fase de entrega, operacionalizando uma capacidade de 2,4 MW. Para esta etapa inaugural, o custo reportado foi de R$ 250 milhões, com os R$ 400 milhões restantes reservados para a conclusão total deste edifício, que quando finalizado, deverá atingir até 7 MW de processamento.

Este centro de processamento de dados promete um ambiente energizado de alta performance, dotado de vasta infraestrutura de fibra óptica, um sistema de refrigeração de ponta ? crucial para mitigar temperaturas que podem superar os 70ºC ? e toda a base necessária para uma operação contínua e eficiente.

Apesar da expectativa inicial de inauguração do primeiro prédio no primeiro trimestre deste ano, as obras ainda não foram concluídas. Fialho esclareceu que uma data precisa para o início das operações ainda não está estabelecida, pois os prazos estão intrinsecamente ligados à demanda dos clientes. Contudo, a fase inicial do primeiro edifício já está pronta para ocupação.

Entre os fatores que contribuem para a extensão do cronograma, o executivo apontou a complexidade na aquisição de equipamentos para o sistema de resfriamento, que são provenientes de diversas partes do globo. "Dificilmente você consegue fazer um data center hoje e entregar em menos de um ano e meio ou dois anos", pontuou, ressaltando a intrínseca complexidade logística desses empreendimentos.

Impacto Econômico e o Alcance Global do Projeto

Uma vez em pleno funcionamento, o data center é concebido para operar como uma "infraestrutura digital" duradoura, com uma vida útil estimada entre 15 e 20 anos. O projeto já impulsiona a economia local com a geração de 700 postos de trabalho durante a fase de construção, prevendo a criação de 60 empregos diretos quando as operações forem iniciadas.

O foco da Scala Data Centers reside nos clientes de "hiperscala", que demandam uma capacidade massiva de processamento de dados e escalabilidade extrema. Marcos Peigo, fundador e CEO da empresa, já havia declarado o interesse em atrair gigantes como Amazon, Microsoft e Google, indicando que dois "clientes-âncora" já haviam firmado contratos para usufruir da estrutura.

A escolha de Fortaleza como sede não é fortuita. A capital cearense se destaca como um hub vital de cabos submarinos, abrigando um total de 16 conexões. Este impressionante número posiciona a cidade como a segunda mais conectada do mundo, com aproximadamente 90% do tráfego de internet brasileiro transitando por suas redes.

Consumo de Recursos: Energia e a Questão Hídrica

No que tange ao consumo energético, a capacidade total combinada dos dois edifícios pode atingir 20 MW. Somente o primeiro prédio, em sua configuração completa, poderá suportar até 7 MW de processamento.

Fialho detalhou que a porção já finalizada desta instalação iniciará o armazenamento a partir de 600 quilowatts (kW), escalando progressivamente até sua capacidade inicial de 2,5 MW.

A gestão hídrica, por sua vez, é apresentada pela empresa com uma particularidade. Fialho assegurou que o empreendimento "não vai consumir água" de forma contínua, uma vez que o sistema será preenchido apenas uma vez e, a partir daí, operará em regime de reuso constante. A Scala afirma que a Eficácia do Uso de Água (WUE) é zero, devido ao sistema fechado que evita evaporação e descarte.

Contudo, um estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), publicado em junho de 2025, oferece uma perspectiva quantitativa sobre a necessidade inicial de água para sistemas similares, indicando 23m³ de água (ou 23 mil litros) para cada 1MW de capacidade.

Com base nesse levantamento, podemos projetar o volume inicial de água necessário para o preenchimento do sistema:

Fase do Projeto Capacidade (MW) Volume de Água (m³) Volume de Água (Litros)
Etapa concluída do primeiro prédio 2,5 57,5 57.500
Primeiro prédio (capacidade total) 7 161 161.000
Instalação completa (dois prédios) 20 460 460.000

Apesar da promessa de reuso e WUE zero, é crucial observar que o volume inicial para o preenchimento do sistema é considerável, evidenciando a escala do consumo hídrico mesmo em modelos de alta eficiência.

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