Voos para Aracati: Ceará em Negociação para Reativar Aeroporto

A administração cearense intensifica diálogos com as companhias aéreas Latam e Azul, buscando reativar o tráfego comercial no Aeroporto de Aracati, um ponto estratégico no litoral leste. A localidade serve como acesso primordial a balneários renomados, como Canoa Quebrada, e outras regiões turísticas, incluindo Fortim e Icapuí.

Este esforço é capitaneado pela Secretaria de Turismo (Setur), sob a gestão de Eduardo Bismarck, cujo objetivo é restabelecer as operações aéreas na cidade, que se encontra sem voos comerciais desde a desativação dos serviços da Azul Conecta em março de 2025.

Segundo Bismarck, a situação é clara:

Aracati está sem voos, precisamos estruturar uma abertura de base e operação lá.

Desafios da Concessão Aeroportuária em Aracati

Conforme divulgado pelo Diário do Nordeste, o Aeroporto de Aracati está programado para ser transferido à gestão privada. A ausência de voos comerciais regulares e a escassez de receitas significativas, contudo, representam obstáculos consideráveis para atrair potenciais concessionários.

Os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) revelam um cenário preocupante: em 2025, o aeroporto registrou a passagem de apenas 9 passageiros comerciais, período que coincidiu com as últimas operações da Azul Conecta antes de sua saída do Ceará no primeiro trimestre do mesmo ano.

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) projeta um fluxo de caixa negativo de aproximadamente R$ 181 milhões ao longo de 30 anos para o operador do aeroporto de Aracati, um prognóstico que adiciona um desafio substancial para qualquer investidor interessado.

A viabilização desse empreendimento, contudo, pode residir na compensação do valor da concessão, possivelmente através da redução de encargos em aeroportos de maior porte nacional, uma estratégia que, se bem aplicada, poderia ser bem-sucedida.

A Busca por Conexões Aéreas: Estratégias e Negociações

O secretário argumenta que a conexão mais promissora para Aracati seria um trajeto direto para São Paulo, e não uma ligação com a capital cearense. Ele detalha:

Esse voo de curta distância, como Fortaleza?Aracati, não vinga. Tem que ser de longa distância e de média distância.

De média distância, com Embraer, performa melhor.

A menção do secretário se refere aos modernos jatos E-2 da Embraer, aeronaves já integrantes da frota da Azul e que a Latam incorporará a partir do segundo semestre de 2026.

Conforme informações de Bismarck, as companhias Latam e Azul já foram formalmente solicitadas a considerar a implementação de voos e estão atualmente avaliando as propostas. Por outro lado, a Gol teria declinado do convite para operar em Aracati.

Questionada sobre o assunto, a Latam declarou que sua política é de constante avaliação de oportunidades para expandir sua malha aérea, e que qualquer nova operação será divulgada no momento adequado.

O Apoio Financeiro como Impulso para o Setor

O secretário Bismarck foi indagado sobre a pertinência de o estado conceder auxílio financeiro específico para as operações, um modelo de "subvenção" que poderia revitalizar o aeroporto, à semelhança do que tem sido praticado em localidades como Parnaíba e, possivelmente, Campina Grande.

As iniciativas em Parnaíba espelham um esquema de subvenção estadual já implementado para viabilizar as rotas aéreas entre Juazeiro do Norte e Fortaleza.

Sobre a questão do apoio financeiro, Bismarck foi enfático:

Cabe sim, a depender da operação.

A esperança é que, com o suporte financeiro adequado, Aracati possa retomar seu lugar entre os polos regionais com significativo tráfego aéreo comercial no Nordeste.

Histórico e Perspectivas para o Aeroporto Dragão do Mar

É pertinente recordar que, em períodos anteriores à pandemia, a Azul operava no Aeroporto Dragão do Mar utilizando aeronaves ATR, em rotas triangulares que conectavam Recife e Mossoró-RN.

Durante as temporadas de pico entre 2020 e 2021, Aracati sediou operações aéreas sazonais, inicialmente com jatos Embraer E2, seguidos por voos semanais que ligavam Campinas a Natal, com escala em Mossoró, utilizando aeronaves Airbus 320 Neo. A experiência passada sugere que o potencial para o tráfego aéreo, especialmente em alta temporada, é inegável, mas exige um planejamento robusto e, possivelmente, incentivos que superem as barreiras atuais.