André Fernandes e o PL Ceará: Os Bastidores da Aproximação com Ciro e a Disputa pelo Senado 2026

O cenário político cearense ganha novos contornos com as recentes declarações do deputado federal André Fernandes, que também preside o Partido Liberal (PL) no estado. Durante sua participação no Café da Oposição, evento realizado na Assembleia Legislativa do Ceará nesta terça-feira (28), Fernandes delineou os rumos da legenda para as eleições de 2026, com foco na sucessão governamental e na acirrada disputa por uma vaga no Senado. Sua fala, carregada de significado, apontou para uma estratégia que, segundo ele, conta com a chancela do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A pauta principal abordada pelo líder do PL-CE girou em torno da defesa do ex-ministro Ciro Gomes (PSDB) como o nome ideal para concorrer ao Governo do Estado. Essa posição representa uma notável mudança de curso para Fernandes, que, há poucos meses, havia descartado qualquer possibilidade de aliança com Ciro ou com o ex-prefeito Roberto Cláudio, após críticas do pedetista a Bolsonaro. No entanto, a filiação de Ciro ao PSDB, evento que contou com a presença de André, parece ter selado uma nova fase nas articulações. O deputado enfatizou que ambos os políticos têm reconhecido acertos e equívocos passados, pavimentando o caminho para uma colaboração.

O Voto de Confiança de Bolsonaro e a Estratégia Cearense

Um dos pontos mais relevantes da intervenção de André Fernandes foi a confirmação de que todas as suas movimentações estratégicas no Ceará possuem o consentimento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta declaração busca dissipar qualquer dúvida sobre a legitimidade das alianças que o PL-CE vem costurando, especialmente aquelas que envolvem figuras com histórico de oposição ao bolsonarismo, como o próprio Ciro Gomes.

Em suas palavras, Fernandes reiterou a autonomia concedida: "Todas as movimentações que fiz no Ceará, Bolsonaro nos ouviu, me entendeu e nos mandou tocar". Ele relembrou um episódio em Fortaleza, onde Bolsonaro, ao ser questionado sobre a aproximação com antigos adversários políticos, teria respondido de forma concisa: "Conversa com André". O presidente estadual do PL concluiu que, apesar de Bolsonaro poder ter outras perspectivas, ele "nos ouviu, nos atendeu. Ele entendeu que o Ceará e específico e quem deve tocar, no Ceará, são os parlamentares do Ceará".

Para Fernandes, o objetivo primordial do PL no estado é claro: "O que o PL quer é derrotar o PT, e o que a gente percebe hoje é que o nome mais forte é Ciro Gomes". Essa visão estratégica coloca a união de forças como prioridade, mesmo que isso signifique a superação de antigas divergências. Ele ainda comentou a situação do senador Eduardo Girão (Novo), também pré-candidato ao Governo, afirmando que Girão "tem que estar nesse projeto, temos que fazer uma chapa única e ele tem que participar disso", apesar do senador demonstrar resistência à aproximação com ex-opositores.

A Complexa Disputa Interna pelo Senado

Além das articulações para o governo, André Fernandes também abordou a instigante disputa interna pela indicação ao Senado, que hoje conta com dois pré-candidatos de peso dentro do PL. A vereadora Priscila Costa e o deputado estadual Alcides Fernandes, pai de André, são os nomes em evidência, ambos com apoios de figuras proeminentes do bolsonarismo. Priscila Costa foi lançada com o suporte da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, enquanto Alcides Fernandes recebeu o aval do próprio ex-presidente.

A dinâmica dessa pré-candidatura foi visível no próprio Café da Oposição. Priscila Costa esteve presente no início do evento, mas se retirou antes da chegada de André Fernandes, alegando outro compromisso. A vereadora enfatizou a natureza coletiva de sua postulação: "Esse projeto do senado é construído pelo PL, conversando sempre com André, Michele, Valdemar (Alcântara, presidente nacional do PL) e Bolsonaro". Ela descreveu sua candidatura como "de grupo, consciente, estamos ganhando adesão, a gente está comprometido com o desejo do presidente".

Questionada sobre a possível candidatura de Ciro Gomes ao Governo, Priscila Costa manteve uma postura cautelosa. "O Ciro ainda não lançou essa candidatura, a gente está em cada etapa, cumprindo a missão por etapa, agora foi importante abrir esse diálogo", declarou. André Fernandes, por sua vez, minimizou qualquer ideia de que a pré-candidatura de Priscila pudesse prejudicar o projeto de seu pai, Alcides. "Não vejo que atrapalha, o PL pode ter três, quatro pré-candidaturas ao Senado", ponderou o deputado.

Caminhos e Definições para 2026

Ainda que o cenário esteja em plena construção, o presidente do PL Ceará indicou que o partido terá o tempo necessário para definir seus representantes. "Estamos trabalhando, hoje o PL tem duas candidaturas ao Senado. Vamos ter o momento para decidir, convenções vão acontecer no meio do ano que vem, tem outros partidos para essa conjuntura política", concluiu Fernandes, sinalizando que as decisões finais serão tomadas mais adiante, considerando a complexidade das alianças e os prazos eleitorais.

Pré-Candidaturas do PL ao Senado no Ceará

O tabuleiro político cearense, com as peças movidas por André Fernandes sob o olhar atento de Bolsonaro, promete articulações intensas e reviravoltas até as eleições de 2026. A busca por uma chapa única contra o PT e a gestão das disputas internas serão os grandes desafios do PL nos próximos anos.