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Eleições 2026: Ceará e o Senado - Entenda a Estratégia Política do Nordeste

Por Redação FutCeará em 07/12/2025 10:12

O próximo pleito eleitoral, agendado para 2026, definirá o destino de expressivas 54 cadeiras no Senado Federal, o que representa dois terços da composição total da Câmara Alta. Deste montante, 18 assentos serão reservados a representantes dos nove estados que integram a região Nordeste do Brasil.

Em grande parte das unidades federativas nordestinas, a contenda eleitoral pelo Senado se configura como um elemento central para o panorama de 2026. Tal dinâmica espelha o cenário observado no Ceará, onde grupos governistas e opositores já se envolvem em uma acirrada competição pela indicação de seus postulantes ao cargo.

Em 2026, cada estado do país terá a responsabilidade de eleger dois senadores. A relevância do Senado é inquestionável, atuando como instância revisora de proposições legislativas e desempenhando um papel fundamental na aprovação de ministros para tribunais superiores, de dirigentes de diversas agências reguladoras federais (como ANAC, ANVISA, ANEEL, entre outras) e de emendas constitucionais.

A Estratégia do Senado para a Governabilidade Nacional

A conquista de uma maioria no plenário do Senado é um indicativo crucial para a governabilidade de qualquer grupo que ascenda à chefia do Executivo. Dessa forma, a corrida por vagas senatoriais nos estados do Nordeste em 2026 assume um caráter não apenas estratégico e decisivo em nível regional, mas também para a consolidação e sustentação do poder federal.

Nesta análise, exploramos as perspectivas de cientistas políticos sobre como este cenário se desenha e qual o seu impacto em âmbito nacional. Adicionalmente, apresentamos os nomes que circulam como potenciais candidatos em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Nordeste: O Palco Decisivo da Disputa Política de 2026

A eleição para o Senado Federal em 2026 emerge como um componente indispensável nas estratégias dos diversos arranjos políticos, com especial destaque para a região Nordeste. Esta disputa é percebida como um fator determinante tanto para os grupos alinhados com o atual presidente quanto para os apoiadores do ex-presidente. Para o espectro governista, a manutenção da influência regional e a garantia da governabilidade federal são prioridades inegociáveis. Por outro lado, o bolsonarismo almeja conquistar assentos no Senado, expandindo seu alcance eleitoral e assegurando visibilidade para seus partidos aliados em uma área do país onde sua base eleitoral é historicamente menos expressiva.

O cientista político Cláudio André, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), esclarece que o Poder Legislativo, de modo geral, tem experimentado uma valorização crescente, tornando-se um espaço de intensa competição. Segundo o especialista, o modelo de presidencialismo de coalizão brasileiro, influenciado pelas emendas parlamentares, reconfigura a trajetória política daqueles que ambicionam cargos na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Cláudio André enfatiza que a ascensão do bolsonarismo na cena política de Brasília já demonstrou uma clara intenção de ocupar espaços no Legislativo federal. A estratégia do ex-presidente em 2018 visava apresentar chapas competitivas, aproveitando a influência dos fundos eleitoral e partidário, o que permite aos partidos se consolidarem como "máquinas" de arrecadação e "players mais efetivos no jogo político".

"O presidente Lula, a partir de 2022, faz uma leitura de que é necessário aumentar a capacidade eleitoral de ganhar força no Senado e na Câmara para até blindar o governo em relação ao impeachment, em relação a pautas conservadoras. E isso foi retomado agora, mais recentemente, com uma espécie de prioridade do presidente Lula em montar chapas competitivas ao Senado", pontua o estudioso. Ele ainda ressalta a importância institucional da Casa: "É um espaço que envolve as indicações para o STF, que envolve o impeachment de ministros, do Supremo. Então, passa a ser um cargo com mais atenção".

Padrões Regionais e Conflitos Internos: A Análise dos Especialistas

Para Cláudio André, o cenário de 2026 representará um teste para essa estratégia, sendo que a principal novidade é a abordagem mais calculista e focada do lulismo em relação à disputa senatorial. Ele observa que o presidente Lula avalia a possibilidade de, em certas situações, "até melhor abrir mão da disputa para o governador para ter um senador eleito na chapa".

A professora Mariana Andrade, doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e docente da Universidade de Fortaleza (Unifor), reforça a importância da reconfiguração que o Senado sofrerá em 2026, com cerca de dois terços de suas cadeiras em disputa. Para ela, uma bancada robusta, alinhada ao governo ou à oposição, será indispensável, dado o controle que o Senado exerce sobre votações cruciais, como reformas, aprovação de ministros e legislação estruturante.

Apesar das particularidades de cada estado nordestino, a professora identifica padrões regionais nítidos na corrida pelo Senado em 2026. Ela aponta quatro similaridades que perpassam a maioria dos estados: "Predomínio de candidaturas já conhecidas, o papel decisivo das alianças locais, chances de composição entre um bloco governista e um de oposição e, finalmente, o forte peso do voto combinado com o governador".

A docente também salienta que um dos traços mais marcantes no Nordeste para 2026 são as disputas internas, que ocorrem em praticamente todos os estados, embora com intensidades variadas. Conforme explica a entrevistada, essa fragmentação se manifesta tanto na oposição quanto na base aliada, como evidenciado em Pernambuco, Bahia e Maranhão, impulsionada pelas amplas coalizões estaduais. Andrade conclui que a definição da eleição ao Senado na região será determinada por uma dualidade de fatores: "No final das contas, a eleição ao Senado em 2026 no Nordeste será definida tanto pelas alianças entre blocos quanto pelas brigas internas dentro desses blocos".

Ceará: O Voo das Águias na Disputa Senatorial

O Ceará se destaca como um cenário de intensas disputas intrapartidárias na base de apoio do governador Elmano de Freitas (PT), além de uma multiplicidade de pré-candidaturas no campo oposicionista. A formação das chapas majoritárias é um elemento crucial neste caminho rumo ao pleito, com movimentos internos, sinalizações de senadores buscando a reeleição, governadores em fim de mandato expressando interesse em seguir na vida política e embates para a escolha dos postulantes, tudo isso um ano antes de os eleitores irem às urnas.

No campo governista, a lista de nomes inclui Cid Gomes (PSB) ? que, embora apto à reeleição, declara não ter planos para tal ?, os deputados federais José Guimarães (PT), Eunício Oliveira (MDB), Júnior Mano (PSB) e Luizianne Lins (PT), o ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos), o ex-vice-governador Domingos Filho (PSD) e o chefe da Casa Civil, Chagas Vieira.

Nos últimos meses, o nome do deputado federal Moses Rodrigues (União) passou a ser cogitado. O parlamentar, apesar de ligado à legenda que rompeu com o Governo Lula em setembro, sinalizou apoio ao governador Elmano para 2026.

Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Pastor Alcides (PL) figura como um dos nomes da direita para o Senado. Da mesma sigla, a vereadora de Fortaleza, Priscila Costa (PL), é considerada pré-candidata, inclusive com o aval da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). O ex-prefeito da capital, Roberto Cláudio (União), é outro integrante do campo da direita especulado como possível candidato em 2026 ao Senado. Ele, que não confirma nem nega tal intenção, disputou o Palácio da Abolição em 2022, sendo derrotado por Elmano.

A Corrida pelos Assentos Senatoriais nos Demais Estados do Nordeste

A seguir, um panorama das articulações e dos nomes cotados para o Senado nos demais estados nordestinos:

Alagoas

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Renan Calheiros (MDB), Paulão (PT) Renan Calheiros deve buscar a reeleição.
Oposição Arthur Lira (PP), Alfredo Gaspar (União Brasil), Davi Davino (Republicanos) Lira demonstra disposição; Davino apoia JHC para o governo.

Bahia

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Rui Costa (PT), Jaques Wagner (PT), Angelo Coronel (PSD) Rui Costa se colocou à disposição; Wagner e Coronel buscam reeleição.
Oposição João Roma (PL), Delliana Ricelli (Psol) Roma com apoio de ACM Neto; Ricelli é pré-candidata do Psol.

Maranhão

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PSD), André Fufuca (PP), Carlos Brandão (PSB) Rocha e Gama buscam reeleição; Fufuca mira candidatura ao Senado. Brandão cogitado.
Oposição Pedro Lucas Fernandes (União Brasil), Antonia Cariongo (Psol) Fernandes pode representar a oposição; Cariongo é liderança quilombola.

Paraíba

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) João Azevedo (PSB), Veneziano Vital do Rêgo (MDB) João Azevedo, governador em fim de mandato, afirma ser candidato. Vital do Rêgo busca reeleição.
Oposição Marcelo Queiroga (PL) Queiroga, ex-ministro da Saúde, é pré-candidato bolsonarista. Daniella Ribeiro não busca reeleição.

Pernambuco

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Marília Arraes (SD), Humberto Costa (PT), Fernando Dueire (MDB), Sílvio Costa Filho (Republicanos) Arraes sinaliza alinhamento; Costa e Dueire são pré-candidatos à reeleição.
Oposição Armando Monteiro Neto (Podemos), Miguel Coelho (União), Jô Cavalcanti (Psol), Gilson Machado (PL), Anderson Ferreira (PL) Diversos nomes figuram, incluindo aliados de Bolsonaro.

Piauí

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Marcelo Castro (MDB), Júlio César (PSD) Castro é apoiado por Lula e busca reeleição; César é aliado do governador.
Oposição Ciro Nogueira (PP), Thiago Junqueira (PL) Nogueira conta com apoio de Bolsonaro e busca reeleição; Junqueira é o nome do PL.

Rio Grande do Norte

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Styvenson Valentim (PSDB), Zenaide Maia (PSD), Fátima Bezerra (PT), Rivaldo Fernandes (PV), Jean Paul Prates Valentim e Maia buscam reeleição; Bezerra, governadora em fim de mandato, deve retornar ao Senado.
Oposição Coronel Hélio Oliveira (PL), Thabatta Pimenta (Psol), Álvaro Dias (Republicanos), Carlos Eduardo Alves (PSD) Oliveira em dobradinha com Rogério Marinho; Pimenta convidada pelo diretório nacional.

Sergipe

Alinhamento Político Nomes Cotados Observações
Governo (Lula) Márcio Macêdo (PT), Rogério Carvalho (PT), Edvaldo Nogueira (PDT) Carvalho busca reeleição; Macêdo e Nogueira são pré-candidatos da base governista.
Oposição Alessandro Vieira (MDB), Iran Barbosa (Psol), Eduardo Amorim (PSDB), André Moura (União), Rodrigo Valadares (União), Adailton Sousa (PL) Vieira tem postura de independência; Psol se opõe ao governo estadual.

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Comentado em 07/12/2025 12:16 Vamu Ceara, forte no Senado e no país, brabo demais rs
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