PIB Ceará 2023: Veja as Cidades Mais Ricas e o Desafio da Capital

A arquitetura econômica cearense, em sua estrutura mais robusta, encontra seu epicentro na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). É nesta área que se concentra a maior parte da riqueza estadual, com sete dos dez municípios de maior Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará, conforme os mais recentes indicadores.

A capital, Fortaleza, permanece inabalável no topo, não apenas como líder estadual, mas também como a principal força econômica entre as cidades do Nordeste. Os dados municipais, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com referência ao ano de 2023, trazem um panorama detalhado da distribuição de riquezas.

Fortaleza no Topo: A Hegemonia da Capital Cearense

Fortaleza ostenta um PIB de impressionantes R$ 86 bilhões, consolidando uma expansão de 18% em relação a 2021 e contribuindo com 5,07% para o PIB total da região Nordeste. Esta cifra reafirma o papel central da metrópole no desenvolvimento socioeconômico do estado.

Logo em seguida, Maracanaú emerge como o segundo município mais próspero, com um PIB estimado em R$ 13,5 bilhões. Esta cidade é a única, além da capital, a figurar entre as 20 maiores economias do Nordeste. Contudo, apesar de sua expressiva vice-liderança no cenário estadual, Maracanaú figura entre os trinta municípios brasileiros que registraram a maior perda de participação no PIB nacional. Este dado acende um alerta para a dinâmica econômica que vai além das fronteiras estaduais.

Além da Capital: Os Gigantes Econômicos do Interior e RMF

Completando o seleto grupo dos cinco municípios de maior destaque econômico no Ceará, encontramos Caucaia, com um PIB de R$ 9,8 bilhões; São Gonçalo do Amarante, alcançando R$ 6,9 bilhões; e Sobral, com R$ 6,5 bilhões. É importante ressaltar que Sobral se destaca como o único representante da Região Norte do estado a integrar esta lista de elite, evidenciando uma concentração que ainda pende para o leste e centro-norte.

No Cariri, Juazeiro do Norte se afirma como o único polo econômico da região a compor o rol das maiores riquezas cearenses, com um volume avaliado em R$ 6 bilhões. Já Itapipoca, localizada no litoral oeste, faz uma entrada notável, sendo a terceira cidade fora da Região Metropolitana a integrar este prestigiado ranking. Sua presença é particularmente relevante, pois representa a única nova adição à lista, não figurando entre os maiores PIBs nas duas edições anteriores.

Essa ascensão de Itapipoca contrasta com o cenário de outros municípios. Iguatu e Crato, por exemplo, que ocuparam a 10ª posição entre as cidades mais ricas em 2022 e 2021, respectivamente, foram superados neste último levantamento, demonstrando a fluidez e a competitividade do panorama econômico estadual. Veja a seguir o ranking detalhado dos principais municípios cearenses em termos de PIB, com base nos dados mais recentes:

A Dinâmica da Descentralização Econômica no Ceará

Apesar de sua posição de liderança e do volume expressivo, Fortaleza tem visto sua participação no PIB total do Ceará diminuir progressivamente. Atualmente, o PIB da capital representa 37% de toda a riqueza produzida no estado, uma queda considerável em comparação com os 46% registrados em 2002. Este fenômeno aponta para uma tendência de descentralização da produção econômica, com outras regiões e municípios ganhando relevância.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) salienta que esta perda de participação é uma realidade para a maioria das capitais brasileiras. Apenas Porto Velho e Maceió se destacaram por um movimento contrário, ampliando sua fatia no PIB, impulsionadas, respectivamente, por grandes projetos hidrelétricos e pelo dinamismo da indústria de transformação. Tal cenário reforça a necessidade de compreender as particularidades econômicas de cada localidade.

Para o cálculo do PIB municipal, soma-se o valor de todos os bens e serviços finais produzidos por uma localidade em determinado período. Este indicador é construído a partir de uma complexa teia de informações econômicas e tributárias, refletindo a saúde e a capacidade produtiva de cada município. Este panorama revela um Ceará economicamente vibrante, mas em constante transformação, onde a hegemonia da capital começa a ceder espaço para um desenvolvimento mais distribuído, ainda que com desafios e oportunidades intrínsecos a cada região.